domingo, 17 de novembro de 2013

Da invenção da verdade

Melancólica busca eterna pela verdade
Infinita, insaciável
Como a captura do horizonte
Na ausência de uma verdade absoluta
Inventamos nossa própria realidade
Para nos confortarmos
Para fazer de conta
Que conhecemos as verdades do mundo
E a melancolia da vida é que não existe
E talvez jamais existiu
Uma pedra filosofal
Um santo graal
Uma razão subjacente
Então criamos deuses e lendas
E damos significados à nossa fé
Desconstruímos nosso mundo
Criamos ideologias
Novos mundos
Labirintos em nós mesmos
Destruímos realidades
E descobrimos que a fonte de todas as mágoas
Jaz inconsciente em nosso âmago
Onde cada célula moribunda
Grita ensurdecedoramente
Que a única verdade absoluta
É a efemeridade da nossa existência

terça-feira, 18 de junho de 2013

A primavera brasileira: do pão e circo ao despertar político de um povo.


O povo tomando o congresso nacional em protesto. Fala a verdade, alguém aqui, pelo menos uma vez, sequer imaginou algum dia ver esta cena?
Há cerca de uma semana eu jamais imaginaria que isto iria acontecer no nosso, até então, país de um povo politicamente inerte ou, como os "politicamente corretos" diriam, um povo apolítico. Eu mesmo já me defini assim algumas vezes, e dizia isso cheio de orgulho. Houve um tempo em que ser apolítico me parecia a opção mais sensata.
Lembro que semana passada eu conversava com um colega de trabalho sobre as utopias do povo escandinavo: índices praticamente nulos de analfabetismo, sistema penitenciário capaz de reabilitar cerca de 80% da população carcerária, políticas de crescimento econômico apoiadas em programas culturais e demais conquistas que, para nós, soam intangíveis. Lembro ter falado que isso não é possível em um país como o Brasil pelo fato de sermos um povo acomodado, conformado com a atemporal e igualmente eficaz política do pão e circo, um povo onde o futebol faz parte de 90% das rodas de conversa e as questões de grande impacto nas nossas vidas passam despercebidas.
Particularmente, a minha preocupação com a política é relativamente recente. Apesar de ter crescido em reuniões de partidos políticos, passeatas e demais manifestações onde acompanhava meu pai, a visão política de uma criança é, digamos assim, diferenciada. Nasci após o movimento das Diretas Já, tenho uma lembrança muito vaga sobre o impeachment do Collor e alguns flashes a respeito da morte do PC Farias. Ambas foram cenas que marcaram a minha infância, talvez por estarem na boca do povo na época. Mas, enfim, as discussões políticas nas quais me envolvia era algo como a vantagem de votos de um candidato em relação ao outro, nada mais natural pra uma criança do país do futebol. E, afinal, depois tem uma comemoração bem parecida com a de um time quando sai campeão, não é mesmo? Lembro que, por volta dos 15 anos, notei, durante a campanha presidencial, que não havia em lugar algum uma proposta ideológica clara que me fizesse optar por um partido ou uma coligação específica. Tudo era muito confuso e todos - sem querer fazer alusão à música dos Engenheiros - muito iguais, tal como nos dias de hoje. Percebemos, por exemplo, que o PT é um partido de esquerda mais por causa do símbolo do partido do que pelos projetos e ações da presidentA.
Devido a isso, nunca me filiei e nem votei em candidatos do mesmo partido. Percebi desde cedo que legenda e ideologia não caminham de mãos dadas no nosso país, de tal forma que é possível perguntar para um político o que difere um partido de esquerda de um de direita e ficarmos sem respostas. Entendia então o que mais tarde confirmaria como as minhas primeiras compreensões da decadência do nosso sistema político.
Digo, até com um certo orgulho, que foi a internet que me educou politicamente. Ou melhor, foi graças à internet que me eduquei politicamente, pois vemos aqui uma relação muito mais interessante de aprendizado, diferente dos métodos antiquados e nada atraentes aplicados nas escolas (outro setor que exige uma revolução).
Foi graças à internet que tive contato com movimentos ativistas e pensadores autônomos, sem deveres com governos e instituições que ditam o modo de vida das pessoas, que deram luz a vários dos meus questionamentos e me despertaram a curiosidade sobre conceitos como capitalismo, socialismo, esquerda, direita e porque NENHUM desses "ismos" e conceitos dão certo quando o assunto em questão é o bem-estar coletivo. Conheci diversos pensadores de vanguarda que, assim como eu e você, não estão contentes com o modelo educacional, econômico e político conduzido, não só no Brasil, mas no mundo todo.
Hoje percebo que essa mudança, essa epifania, é algo muito maior do que eu imaginava. Trata-se de um contexto no qual eu e você que está lendo este blog estamos inseridos, é uma revolução. Uma revolução diferente de todas as que a antecederam, onde a informação é a arma principal e a internet, através, principalmente, das redes sociais, é o principal campo de batalha. Estamos vivenciando um neo-iluminismo talvez sequer imaginado pelos grandes pensadores que influenciaram revoluções capazes de mudar as relações geopolíticas do planeta, como a Francesa e a Russa. Uma revolução onde a guerra é lutada com ideias. 
Estamos em um cenário inédito, onde as grandes mídias não são mais formadoras de opinião e sim meras argumentadoras que têm a função de propor debates. 
Hoje nós vemos um Arnaldo Jabor voltando atrás e pedindo desculpas por um comentário infeliz (quem aqui imaginaria uma coisa destas?). E não foi apenas o Jabor, vimos TODA a mídia mainstream voltar atrás e reconhecer as manifestações como um movimento democrático legítimo e não mais apenas uma coisa de "baderneiros que não valem nem vinte centavos". Isso jamais seria visto em um modelo de jornalismo unilateral, tal qual o praticado pela velha e viciada mídia dominada pelas gigantes emissoras e editoras deste país.
A era da informação que estamos vivendo permite que todos sejamos atores na disseminação da informação, capazes, pela primeira vez na história, de analisar a realidade por ângulos diferenciados, onde não é mais mostrado apenas o que é de interesse de uma minoria. Foi isso que impulsionou o Movimento Passe Livre e não permitiu que a manipulação televisiva colocasse o povo contra o povo.
Percebo que enquanto eu me educava politicamente, outras pessoas faziam o mesmo, levando as discussões para os fóruns e redes sociais, onde o povo alienado que só fala sobre futebol entendeu que o circo caríssimo compromete o acesso à saúde e educação de qualidade. Povo este que cansou de sofrer nas mãos de um governo que se intitula do povo, mas que lança mão de políticas neoliberais fadadas à decadência, com foco em um consumismo desenfreado que conduz a um círculo vicioso de endividamentos. Um governo com foco em políticas imediatistas em detrimento de projetos de infraestrutura, educação e inovação que, a longo prazo, trariam melhorias reais para o país.
Aprendemos empiricamente que a política praticada por aqui não permite esse tipo de progresso, pois vemos que todo e qualquer governo tem como base projetos realizáveis no prazo de 4 a 8 anos, visando, é claro, as reeleições.
Não espere que o partido X ou Y irá resolver a situação, o tempo já provou que eles não tem nem capacidade e nem vontade suficientes para isso. Nós precisamos de uma reforma muito maior e mais urgente. É por isso que todos nas ruas repudiam qualquer manifestação partidária que queira aderir aos protestos. Nós fomos enganados todo este tempo por siglas, slogans, símbolos e propaganda. Estamos cansados.
Vimos a máscara da nossa falsa democracia cair ao ver o Estado disparar contra os manifestantes um aparato repressivo não visto desde os tempos da ditadura, o que exige uma melhor análise da democracia que nos é vendida pela propaganda em relação àquela defendida na Grécia antiga. É muito fácil se definir um país democrático quando o povo é inerte e conformista, mas é quando o povo vai às ruas reivindicar seus direitos que uma democracia é colocada à prova.

Não estou dizendo aqui que as manifestações por si só irão mudar a realidade, mas, como a história nos mostra, as manifestações são o começo da mudança, são elas que mostram o descontentamento do povo e até onde ele é capaz de ir para melhorar a sua realidade. Um povo que não protesta, é um povo omisso e conformista.
Esta não será a última manifestação, a revolução é e sempre será permanente. O povo deve se manifestar em oposição a qualquer governo que não cumpra adequadamente o seu papel e, em tempos de impunidades revoltantes, construções de estádios homéricos e superfaturados enquanto pessoas morrem em filas de hospitais e analfabetos funcionais formam-se em universidades, a situação tornou-se intragável.

Nunca, até ontem, eu havia sentido na pele o siginificado da palavra patriotismo e o que é ter orgulho de ser brasileiro. Me emocionei ao ver o povo tomar o congresso exigindo os seus direitos. Pela primeira vez em muitos anos, acredito na capacidade do povo brasileiro em desencadear a mudança necessária para que esse país riquíssimo possa, finalmente, crescer. 

O gigante, sim, acordou.


segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Black Label Society - Porto Alegre, 14/08/2011

Acabo de chegar de Porto Alegre após ver o show do Black Label Society, banda do motherfucker (como ele gosta de falar) Zakk Wylde e após algumas centenas de kilometros e pouco mais de uma dezena de horas de viagem ao todo.
Chegamos até o Opinião, local onde o show foi realizado às 15h30min e a fila já estava, para a minha surpresa, relativamente bem extensa para o horário. Ficamos por cerca de 30 minutos na fila, até o momento que começou a chover e ficou impossível ficar lá sem ficar encharcado. Para escapar da chuva fomos para um bar temático gaúcho que fica em diagonal ao Opinião. Ficamos na varanda do local tomando umas cervajas e esperando passar o tempo (e a chuva).
Por volta de 19h40min, 20 minutos antes do anunciado, os portões são abertos para a satisfação de quem já não aguentava mais ficar de molho na fila. Trocamos nossos e-mails impressos pelos ingressos e entramos no Opinião, que foi enchendo aos poucos e ficando cada vez mais quente.
Eu e o João, meu colega dos tempos de faculdade, já marcamos lugar na chegada, ficamos num lugar ótimo onde pudemos ter uma visão perfeita do palco. Daí em diante era só ter paciência, e haja paciência nisso, pois ainda tinhamos que esperar duas horas até o show do BLS começar.
O intervalo entre às 20h e às 21h pareceu durar uma eternidade, até a Draco (banda de abertura) entrar no palco e quebrar um pouco a monotonia. Ao menos nos dois minuos iniciais, pois pessoalmente não me agradei com o show da banda, pois não combinou com a ocasião e há no mínimo meia dúzia de bandas no estado que seriam mais capazes de cumprir a missão.
Desse ponto até o final do show da Draco foi mais uma eternidade, a fome começou a bater e se nós saíssemos pra procurar algo pra comer iríamos perder o lugar e, pra ficar ainda mais emocionante, minhas pernas já estavam começando a dar sinal de desgaste graças a todo o tempo que eu estava de pé (consequências da profissão sedentária, é claro). Mais meia hora de espera para a equipe terminar de aprontar o palco e às 22h em ponto começa a tocar a introdução nos PAs.
Um por um, os membros da gang... digo, Black Label vão subindo ao palco até o momento que o Zakk se apresenta com um enorme cocar e liberando a massa sonora (sim, massa sonora MESMO, esse foi sem dúvidas o show mais barulhento que já fui).
Rolaram músicas novas, alguns clássicos absolutos da história da banda (pena que não rolou nada dos tempos de Pride & Glory, mas isso já era esperado), algumas partes chatas na minha opinião como o enorme solo do Zakk (de fato eu não curto os improvisos do Zakk) e o já esperado desfile de guitarras. Ele tocou no máximo 3 músicas com a mesma guitarra e durante o show foi mostrando o seu arsenal, já que ele assina vários modelos clássicos, com destaque para o famoso modelo bullseye.
Saí tão atordoado do show e com um enormo "zunido" no ouvido que nem lembrei de conferir a hora que o show acabou. Mas sem dúvidas valeu a pena a experiência de ver um dos maiores contribuintes do rock em carne e osso.
É notório que o show do BLS chama a atenção pela figura do Zakk Wylde em si. O cara é um ícone tanto na forma de tocar, visual, modelos de guitarras e a característica performance de palco, exceto, é claro, pelo momento Tarzan (quem olhou o show vai saber o que eu digo). Conseguiu criar uma marca publicitária invejável, fez escola no estilo de tocar guitarra e pode-se dizer que é uma das últimas grandes figuraças do Metal.
Vida longa ao ogro, Zakk Motherfucker Wylde!

Set list:
CRAZY HORSE
FUNERAL BELL
BLEED FOR ME
DEMISE OF SANITY
OVERLORD
PARADE OF THE DEAD
BORN TO LOSE
DARKEST DAYS
FIRE IT UP
GODSPEED HELLBOUND
THE BLESSED HELLRIDE
SUICIDE MESSIAH
CONCRETE JUNGLE
STILLBORN


quinta-feira, 28 de julho de 2011

Kiosk com Slackware

Neste tutorial, irei demonstrar como configurar um kiosk utilizando o Slackware, no qual iremos apenas carregar o xorg para exibição do Firefox em modo fullscreen.

Depois de ter instalado e configurado o Slackware, crie um usuário específico, onde iremos configurar o kiosk. Neste exemplo, iremos criar um usuário com o nome de terminal:
adduser terminal

Após criado o usuário, carregue o gerenciador de janelas:
startx

Inicie o Firefox e defina o site que será exibido no kiosk como página inicial.

Instale o add-on R-kiosk para firefox através deste link.
Este add-on faz com que o Firefox seja executado em modo fullscreen, desabilita todos os menus, barras de ferramentas, comandos de teclado e o botão direito do mouse.

Agora vamos configurar o Slackware para executar o Firefox assim que o modo gráfico for inicializado.
Dentro do diretório /home/terminal crie o arquivo .xinitrc e insira a seguinte linha:
exec /usr/bin/firefox

Configure o firefox para ser executado em modo fullscreen. Para isso, acesso o arquivo /home/terminal/.mozilla/firefox/algumacoisa.default/localstore.rdf e procure pelas linhas:

width="1024"
height="768" />
Defina os valores de resolução desejados nos campos "width" e "height".

Ainda há um problema na nossa configuração. Se deixarmos a configuração como está, quando alguém utilizar o comando ctrl+c, o sistema irá para o modo texto e a conta na qual o Firefox está sendo executado ficará livre para o usuário fazer o que quiser com o sistema, inclusive desconfigurar tudo o que fizemos até agora. Para evitar isso, iremos editar o arquivo .bash_profile no diretório /home/terminal com os seguintes parâmetros:

#!/bin/bash

while true
do
/usr/bin/startx
done
Dessa forma o terminal não irá para o modo texto quando o usuário encerrar o aplicativo com o atalho ctrl+c, ou seja, quando o usuário tentar sair do aplicativo o X simplesmente será reiniciado e tudo voltará a funcionar normalmente.
Agora só falta configurar o Slackware para exibir o browser na tela sem que seja preciso fazer login no sistema, de forma que assim que o terminal for ligado o browser será executado.
Tome cuidado, pois após feita essa configuração nós não iremos mais conseguir logar com outro usuário na máquina, pois a opção de login será desativada.
Para isso, primeiro iremos editar o arquivo inittab:
vim /etc/inittab
E alterar a linha:
1:2345:respawn:/sbin/agetty 38400 tty
por:
1:2345:respawn:/sbin/agetty -n -l /sbin/autologin 38400 tty1
Onde o -n especifica que não queremos que o prompt de login seja apresentado na tela. Já o -l permite invocar um programa específico de login, em substituição ao default (geralmente o /bin/login).
Vamos criar agora o programa de login que será carregado pelo sistema:
vim /sbin/autologin.c
Escreva no arquivo o seguinte conteúdo:
int main() {
execlp( "login", "-f", "terminal", 0);
}
Depois é só compilar:
gcc -o /sbin/autologin /sbin/autologin.c
Edite o arquivo /etc/login.defs e procure por uma linha assim:
#NO_PASSWORD_CONSOLE tty1:tty2:tty3:tty4:tty5:tty6
Mude-a para:
NO_PASSWORD_CONSOLE tty1

Pronto, processo concluído. Para que as alterações sejam processadas para uso futuro sem a necessidade de rebootar o sistema, digite:
init q
E execute o programa que criamos para login automático:
./autologin

Referências:
Slackbook: http://www.slackbook.org
JACK.eti.br: http://www.jack.eti.br/www/