segunda-feira, 29 de junho de 2009

Hipocrisia sentimental


Hipocrisia sentimental, nesta noite eu poderia limitar tudo o que pretendo expressar aqui a apenas estas duas palavras que são um dos ingredientes, ou melhor, dos venenos que a humanidade costuma experimentar com muita freqüência e nenhuma moderação.

A verdade inegável é que vivemos em um mundo formado basicamente por seres acéfalos no que se refere aos sentimentos, animais que preferem ser envenenados pela maligna fórmula do “eu te amo” que pode, e com certeza irá, gerar efeitos indesejados à estima do que tornar este veneno tão conhecido por todos em um soro que, se usado com a moderação que merece, trará bonificações inexplicáveis, porém providas de um sentimento de realização que é fruto da adição de um outro ingrediente a mistura: sinceridade.

Acredito tanto no poder da sinceridade, da honestidade, assim como também acredito no quão difícil é para nós humanos tornar estas duas palavra em ações, o mundo a nossa volta nos instiga a sermos desonestos, a fazermos joguetes políticos para nos darmos bem, a dizer “eu te amo” para não vivermos uma vida a sós, mesmo que seja uma vida infeliz, o importante é que não seja só.

Resumindo, é tanta hipocrisia que poderíamos mudar o nome do mundo em que vivemos para Planeta Hipocrisia, cairia muito bem, acredito que se fosse criado um detector de hipocrisia notaríamos que há mais disto do que terra e água neste planeta.

Não é preciso muito pra tornar um humano hipócrita, até mesmo por que isso é algo que já vem de berço, não nos tornamos hipócritas, nós nascemos assim, é só preciso aparecer alguém que desperte este lado, e isso não é nada difícil, é só oferecer um pedaço sujo de papel conhecido por aqui como dinheiro, ou então um pouco de sexo, fama momentânea também já serve e eis que acabamos de perder a nossa dignidade. Sim, nascemos hipócritas, por isso digo que é muito difícil lutar contra essa hipocrisia e tornarmo-nos “limpos” de caráter, é preciso primeiro conhecer a doença para que se possa encontrar a cura.

Como eu digo isto tudo com tanta certeza? Ora, poderia alguém descrever um lugar que nunca visitou ou um prato que nunca provou? Pois sim, muito já visitei o Planeta Hipocrisia, e luto constantemente para não retornar mais para lá, os resultados da viagem não me foram muito agradáveis. Acredito que não fui o único, tu já estivestes por lá também, não é mesmo? Não? Então fostes erroneamente absorvido por este planeta hipócrita dentre a infinidade de planetas possivelmente desprovidos dessa doença que existe no universo, uma pena.

Dentre todas as formas de hipocrisia existentes, a hipocrisia sentimental é de longe a mais temida devido aos resultados que ela pode gerar. E é tão comum presenciar este tipo de hipocrisia. Quantos falsos “eu te amo” já ouvimos nesta vida?

Constantemente notamos a falsidade por traz destes “eu te amo” quando vemos casais dizerem isto de forma aparentemente tão segura que é só acabar o relacionamento que já começa uma busca desesperada para encontrar alguém com quem possa dar continuidade ao seu ciclo de hipocrisia.

Eu te amo, eu gosto muito de ti, quero ficar contigo pra sempre, uma porção de fritas e um x bacon por favor... Consegues ver alguma diferença nestas frases? Grande parte da humanidade não, pois da mesma forma que se vai a uma lanchonete pedir uma porção de fritas com x bacon se diz “eu te amo”, não é mesmo?

Falamos com tanta freqüência sobre um sentimento que ninguém sabe o que é, mas que não tem medo de proferir, alguns dizem que é um sentimento único, algo que sentimos apenas uma vez na vida e por uma pessoa muito, mas muito especial. Uma coisa tenho que admitir: nós, seres humanos, somos muito amáveis.

O problema não está na manifestação dos sentimentos, o problema está em manifestar um sentimento que não se sente. Conheço alguns que dizem amar pessoas diferentes apenas esperando a retribuição e se sentir “amada”, ou então se mostrar um doce com pessoas que nem ao menos conhece, manifestando elogios e forjando ser algo que não é a sua essência, mostrando para o mundo TUDO O QUE NÃO É, tudo isto em troca de um pouco de popularidade. A internet é uma grande ferramenta, porém faz com que algumas pessoas a usem para promover uma falsa imagem, uma hipocrisia sem tamanho, perdendo-se de si mesmo e apresentando-se para o mundo de uma forma totalmente adversa a sua verdadeira personalidade, eis o mal da geração Orkut, talvez os psicólogos faturem muito daqui há um tempo devido à isto.

Existem dois passos para fugir de todas as formas de hipocrisia, e até que não é tão complicado assim: sermos nós mesmos e nos questionarmos sempre. Simples, não? Mas não é o que parece, muitos têm vergonha de aceitar-se como são, preferem seguir linhas pré-determinadas, seguir movimentos ou opiniões gerais, muitos preferem apenas repetir as opiniões impostas pelos críticos do que impor a sua própria, muitos tem medo de discordar da maioria e de questionar-se, muitos seguem uma tradição que não sabem para que serve, se intitulam membros de movimentos que não fazem idéia por que existem, muitos se rebelam apenas pelo fato de ser “legal” e veneram artistas que tem a “personalidade” toda focada nas roupas que vestem.

O tratamento que descobri está nos passos que descrevi acima e não ter medo de mudar de conceitos, sempre é tempo de trocar conceitos errados por outros mais querentes com nós mesmos, aproveitemos que podemos nos dar ao luxo disso hoje em dia, há um tempo atrás um tal Galileu surgiu com uma teoria doida de que a terra gira em torno do sol e foi mandado para sete palmos abaixo do chão, ou seja, mudar conceitos não é algo fácil há muito tempo.