quinta-feira, 11 de dezembro de 2014




Que animal estranho é o homem, que se submete a limpar o lixo de alguém que diz ser seu superior em troca de migalhas; que aceita lutar guerras e abdicar da própria vida em nome do conforto daqueles que sentam em confortáveis tronos e assistem aos banhos de sangue enquanto se empanturram de requintados banquetes, troféus da fome endêmica.
Que animal estranho é o homem que pensa e, mesmo com a capacidade de pensar, prefere o conforto da submissão do que o desconforto do questionamento, abrindo mão da sua arma mais poderosa.
Somente a arte pode salvar um mundo em que nada faz sentido, pois, apesar dela correr o risco de também não fazer sentindo algum, ao menos conforta e eleva as almas indispostas ao não-pensar e estraçalhadas pelas dores da sobriedade.